Todos nós sabemos que o mundo é feito de fronteiras, e ela é caracterizada pelo passaporte que cada um de nós tem. Ou seja, dependendo do passaporte posso ter acesso livre (sem necessidade de um visto) a um país ou não. Não é assim?

A fronteira digital refere-se ao cenário digital em constante expansão que abrange todos os aspetos de nossas vidas modernas. É o mundo da tecnologia, da internet e de todos os dispositivos digitais que usamos para nos conectar e aceder informações.

Essa fronteira vem evoluindo rapidamente nas últimas décadas, com o surgimento da internet e a proliferação de smartphones e outros dispositivos digitais. Hoje, vivemos em um mundo onde quase todo mundo tem acesso à internet e a usamos para tudo, desde socialização e entretenimento até compras e trabalho.

Estes dias, tenho estado a pensar muito nisso, nessa fronteira digital. E a pergunta é, será que ela existe? Vamos aqui fazer um raciocínio em conjunto. Onde é o meu território digital? Eu vivo fisicamente em Cabo Verde (10 Ilhas Africanas no Oceano Atlântico), fisicamente eu sei onde estou localizado, mas digitalmente, será que sei? 

Claro, o que nós todos pensamos é que digitalmente o mundo é Plano, que podemos navegar de forma livre, aceder a quaisquer conteúdos sem qualquer fronteira, mas não é assim. A realidade é outra. A minha identidade também a levo para o mundo digital, obviamente que tenho de ser uma pessoa verdadeira, não fake, se é que me entendem. A evolução da tecnologia, como o metaverse ou ChatGPT, deverá nos levar a criar conceitos e paradigmas de como devemos comportar e navegar (viajar) no mundo digital.

Como uma pessoa que vive uma parte significativa da minha vida no mundo digital, passei a entender a importância das fronteiras digitais. Uma fronteira digital é essencialmente um limite virtual que separa o mundo digital do mundo físico. Assim como as fronteiras físicas, as fronteiras digitais têm o poder de regular o fluxo de informações e restringir o acesso a determinados recursos.

Eu sinto o impacto das fronteiras digitais no meu trabalho e na vida das pessoas ao meu redor. No mundo digital, nossas informações pessoais, transações financeiras e até mesmo nossas conversas são reguladas por fronteiras digitais. Até onde posso ir e o que aceder? Muita dessas fronteiras digitais são configuradas para proteger nossa privacidade e impedir atividades maliciosas, como hackers e crimes cibernéticos. E dai eu ter de ter um “passaporte” para o poder “entrar ou navegar”. Daí poderemos ver o paralelo com as fronteiras físicas, não acham?

No entanto, as fronteiras digitais também podem ter consequências negativas. Por exemplo, fronteiras digitais rígidas podem limitar nosso acesso a informações, conhecimento, recursos e restringir nossa liberdade de expressão. Em alguns casos, as fronteiras digitais têm sido usadas para restringir o acesso a determinados sites, censurar conteúdo e até mesmo monitorar as atividades online dos cidadãos. Alguns governos fazem esta delimitação ou criam estas fronteiras, configurando o que o cidadão pode ou não aceder ou navegar. Mas também a idade ou a literacia digital pode ser um delimitador para o acesso a este mundo digital, dado a evolução tão rápida que a tecnologia caminha, não é possível que todos conseguem acompanhar. Isto levo a um foço entre a população mais jovens e os mais velhos. Levando que certos recursos não sejam possível a ser acedidos por todos da igual forma.

Como cidadão do mundo digital e com um estilo de vida digital (parafraseando este blog, kkkkkk), aprendi a importância de estar ciente das fronteiras digitais e seu impacto em nossas experiências online. É essencial que nos eduquemos sobre esses limites virtuais e o papel que eles desempenham em nossas vidas. Também devemos responsabilizar aqueles que estabelecem e fazem cumprir essas fronteiras e garantir que sejam usadas de maneira responsável e ética.

A fronteira digital também abriu novas oportunidades de inovação e empreendedorismo. Ela criou setores como as redes sociais e comércio eletrônico, e permitiu que empresas de todos os tamanhos alcançassem novos clientes e expandissem seu alcance além das fronteiras geográficas tradicionais.

Apesar das possíveis desvantagens, acredito que as fronteiras digitais são necessárias em nosso mundo digital. Eles servem como um meio de proteção e controle, garantindo que nossas atividades online sejam seguras e protegidas. Além disso, fornecem uma estrutura para regular o fluxo de informações, ajudando a evitar a disseminação de informações falsas e conteúdo malicioso.

No entanto, a fronteira digital tem seus desafios. Existem preocupações sobre privacidade e segurança, bem como o potencial da tecnologia para exacerbar as desigualdades existentes e os desequilíbrios de poder. É bom termos a consciência das informações que partilhámos na internet e com outras pessoas, porque tudo fica registado e com a evolução das redes sociais e a inteligência artificial, nós todos somos uma mercadoria, ou melhor as nossas informações podem ser acedidas e partilhadas de formas que outros possam criar o nosso perfil e assim nos vender serviços/produtos online. Para não falar de outras coisas não tão agradáveis.

Além disso, à medida que a fronteira digital continua a se expandir, é importante que continuemos a abordar questões de acessibilidade e alfabetização digital. Nem todos têm igual acesso à internet ou as habilidades necessárias para usá-la de forma eficaz, e devemos trabalhar para preencher essas lacunas e garantir que todos tenham a oportunidade de se beneficiar da revolução digital.

Em suma, a fronteira digital é uma paisagem excitante e complexa. É um mundo de infinitas possibilidades, mas também apresenta desafios pelos quais devemos navegar enquanto continuamos a explorar e expandir esta nova fronteira. Posso dizer que esta fronteira é uma parte vital do nosso mundo digital e desempenha um papel crucial na formação das nossas experiências online. Meu maior receio é o foço digital que tem vindo a ser criado entre os países mais avançando com os menos avançados, porque quando cruzamos a fronteira física, damos de cara com a fronteira digital, aí já não há passaporte que ajuda a ultrapassar este foço. Temos de estar atento ao desenvolvimento tecnológico e assim poder adaptar a nossa edução para que não ficamos tão distanciado dos outros.

Como cidadãos do mundo digital, é nossa responsabilidade educar-nos sobre esses limites virtuais e trabalhar para garantir que eles sejam usados de uma forma que beneficie a todos nós. 

E você, tem a consciência desta delimitação de fronteira?